Ritmo e Métrica

O fato das associações feitas entre as alturas de notas, melódica ou harmonicamente, constituírem a questão central para o sistema musical tonal, é de se esperar que a maior parte dos livros e/ou tratados de música escritos sobre a música tonal abordem, principalmente, os aspectos melódicos e harmônicos, relegando para segundo plano questões rítmicas. No entanto, desde o início do século XX, com a ruptura com o sistema musical tonal, os compositores passaram a dar maior ênfase a outros elementos musicais, entre os quais o timbre e as questões relacionadas ao ritmo e suas formas de organização.

Teorizações sobre o ritmo e a métrica não são de forma alguma novas, nem sequer restritas aos teóricos do século XX. Elas estão intimamente relacionadas com a evolução da notação musical e das necessidades impostas pela polifonia que já se fazia presente no século X.

Por isso que, falar em ritmo e métrica nos remete à conceitos como Ars Nova, modos ritmicos, moteto issorítmico, ritmos de danças barrocas, etc. Só aí temos cerca de trezentos anos de surgimento e consolidação da escrita rítmica e da métrica como a conhecemos hoje em dia.

Interessante notar que as experiências no campo da notação rítmica foram tantas nessa época, que muitas composições são de dificílima leitura, mesmo hoje em dia. E como não havia nenhuma intenção homofônica, diversas composições dessa época usavam diferentes métricas sobrepostas e combinações rítmicas que só voltaremos a encontrar em composições do pós Romantismo, mais de meio milênio depois.

Após essa "euforia" inicial, os compositores passam a usar uma métrica única para todas as vozes e com o advento da opera barroca, a textura homofônica passa a dominar as composições musicais. Assim sendo, os ritmos de dança (simples e repetitivos) combinados com a coincidência harmônica em tempos fortes dá início ao que se pode chamar de ritmo tonal, que perdurou por quase toda a música Barroca (1650), até o fim do Romantismo, no século XIX. Cerca de trezentos anos de composições baseadas em agrupamentos rítmicos simples e métrica de dança.

Por isso, mesmo em músicas do século XX ainda é possível encontrar exemplos de texturas homofônicas ou baseadas em ritmos tonais, sem falar na quase totalidade da música popular ocidental, com raras exceções.

Aqui estão listados alguns procedimentos que, consciente ou inconscientemente, foram minando os ritmos tonais, substituindo-os por escritas rítmicas mais complexas, ou relações rítmicas não usuais.

Arquivos de texto comentados

HASTY, Christopher F. Meter as Rhythm. Oxford: Oxford University Press, 1997.

Livro em inglês que aborda estudos sobre a métrica e sua relação com a divisão e execução rítmica. Faz uma revisão do assunto, expõe sua teoria e depois analisa algumas peças de períodos diversos.

RIBEIRO, Hugo L. Rítmo no Século XX. Apresentação para datashow.

Organização de diversos tópicos que abordam questões do ritmo e da métrica no século XX.

RIBEIRO, Hugo L. Ritmo: uma bibliografia comentada. UFBA, 2001.

Esse texto é o resultado de uma pesquisa de monitoria que foi realizada durante o ano de 2000, na Escola de Música da UFBA, sob a orientação do professor Fernando Burgos. Foi uma pesquisa sobre o termo ritmo nos diversos livros e periódicos da biblioteca da Escola de Música da UFBA.

COOPER, Grosvenor; MEYER, Leonard. Rhythmic Structure of Music. Chicago: The University of Chicago Press, 1960. Tradução de Hugo L. Ribeiro. Baixe em PDF ou ODT.

Tradução de alguns trechos desse livro, incluindo as definições e princípios, os níveis arquitetônicos, pulso, métrica e ritmo.

 

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