A Música em Salvador: Um Breve
Percurso Histórico
(dos jesuítas até 1897) 1
Maria da Conceição Costa
Perrone
Selma Boulhosa Alban Cruz
O Brasil foi descoberto na Bahia. Salvador foi a primeira cidade fundada no Brasil e ainda funcionou como sede do Governo-Geral. Em 1549, com Tomé de Souza, chegaram os seis primeiros religiosos da Companhia de Jesus, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega. João de Azpilcueta Navarro foi, historicamente, o primeiro a pregar no idioma brasílico e a colocar em "canto de órgão" (música polifônica) as cantigas pias dos índios. Padre Navarro logo observou o interesse do indígena pela música e, com a finalidade de domesticar os nossos ancestrais, os jesuítas utilizavam música, conseguindo assim o salvo-conduto para as suas missões.2 Ainda durante o primeiro Governo, o Papa Júlio III criou o bispado em Salvador, o primeiro do Brasil.
A Musica, com quanto a primeira das artes liberaes introduzidas na Bahia, não logrou proeminencia devida, talvez por abandono da metropole, muito embora o gosto e predilecção manifestos de seus habitantes. Assim é que fez parte da comitiva do primeiro bispo, nomeado para a Bahia, D. Pedro Fernandes Sardinha, cuja posse se effectuou em 1º de janeiro de 1552, o primeiro musico que pisou em terras da Bahia, na qualidade de mestre de capella, encarregado do ensino dessa disciplina aos alumnos do Collegio dos Jesuitas, vencendo o ordenado annual de 20$000. 3
Como educador musical, no sentido de transmissão de música européia para os curumins e de educação pela música, o padre Antônio Rodrigues (Lisboa, 1516 - Rio de Janeiro, 1568) deve ser lembrado para patrono dos educadores musicais no Brasil.4 Veio para a Bahia, desde 1556, fundando diversos aldeamentos nas vizinhanças de Salvador. Por esse tempo, os tupinambás treinados nas escolas de cantar, ler e contar 5 já vinham dos aldeamentos para fazer música polifônica no Colégio de Salvador, sendo capazes de ler música e de tocar instrumentos diversos, além de cantar em solo ou em conjunto, misturando música vocal com instrumental, no que tudo indica semelhante à maneira renascentista européia.
Como lembra Afrânio Peixoto, os jesuítas ensinaram tudo. Educaram costumes, inteligências, sentidos, folguedos, canto, música, autos sagrados e profanos 6 e, como resultado do ensino nas aldeias, os tupinambás participavam de procissões, folias, vésperas e missas solenes em canto de órgão (música polifônica), constituindo-se assim a primeira formação musical de que se tem notícia, orientada pelos dogmas, tradição e estrutura da música européia, realizada em Salvador e estendendo-se, posteriormente, a todo o território brasileiro.
Observando esse percurso, conclui-se que, desde os seus primórdios, vivia a Bahia a sua expectativa para o ideal de um ensino formal em música que se prolonga até o início do século XIX, quando por aqui estiveram ou nasceram personalidades que resgataram aquele ideal. Relacionando alguns exemplos, desde Francisco de Vaccas (mestre de capela da Catedral em 1554), chega-se ao padre João de Lima, músico considerado em seu tempo que, em fins do século XVII, foi convidado para ocupar o cargo de mestre daquela disciplina na Catedral da Bahia, passa-se pelo frei Euzebio de Mattos (1629-1692), organista, músico e compositor considerado "o enciclopédico" dos tempos coloniais, até o padre Henrique José da Fonseca, falecido em 1844, com mais de setenta anos, e fundador da orquestra Nossa Senhora da Ajuda. Tollenare, em suas Notas Dominicais, escritas entre 1816 a 1818, assim descreve a música na Bahia:
A musica de sociedade é mediocre quanto á execução. Tocam piano e arranham a guitarra de um modo lamentavel; mas, cantam toleravelmente em italiano. Os ouvidos são musicaes, percebe-se-o na harmonia que reina nas peças de varias vozes.
Ha cantigas brasileiras peculiares que são muito agradaveis; recentemente publicou-se em Londres uma colleção dellas. Chaman-nas de modinhas; as palavras são ordinariamente anacreonticas e as melodias graciosamente tocantes. Os negros teem tambem algumas melodias bonitas; a sua musica os transporta a ponto de lhe occasionar uma embriaguez delirante, e, entretanto, frequentemente, não dispõem de outro instrumento além de uma cabaça cheia de calháos. 7
Ainda comenta:
Não existem orgãos monumentais; de ordinario, um simples piano serve para acompanhar os côros; mas, por occasião da menor cerimonia, uma magnifica orchestra executa peças agradaveis e sempre renovadas.
Isto exercita os compositores que, á força de procurarem motivos ineditos, se afastaram do carater amplo e religioso para se approximarem do ligeiro e mundano. Os musicos, isoladamente, são mediocres; mas, guardam bom compasso.
As mulheres não cantam; quando não ha castrados são os homens que executam os falsetes, e sahem-se melhor do que o lamentavel canto gregoriano soluçado nas nossas igrejas de provincia, na França. 8
Se levarmos em consideração o padrão de comparação musical e artístico conhecido por Tollenare, 9 a apreciação analítica do ambiente aqui encontrado e descrito acima é bastante animadora, principalmente se for levado em conta que, a primeira referência de músico nascido na Bahia que teve possibilidade de estudar na Europa data de 1828.
Com o intuito de melhor promover o ensino da música, D. Marcos de Noronha e Britto, Conde dos Arcos, invocara o prestígio de D. João VI para auxiliar o desenvolvimento da cultura artística na cidade de Salvador. Então, atendendo a tal solicitação, o monarca envia uma carta para o Conde de Palma, Governador e Capitão-General da Capitania da Bahia, 10
Sendo-me presente, por parte do Conde dos Arcos, vosso antecessor no governo dessa Capitania, o estado de decadencia a que tem ahi chegado a arte de Música, tão cultivada pelos povos civilisador em todas as edades, e tão necessaria para o decoro e esplendor com que se devem celebrar as funcções do Culto Divino:
Hei por bem criar nessa cidade uma cadeira de musica, com o ordenado de 400$000, pagos pelo rendimento do subsidio litterario. 11
A carta de D. João VI foi datada de 30 de março de 1818. Nesse texto, o rei determina que seja nomeado o compositor José Joaquim de Souza Negrão como professor - o primeiro, na Bahia - para a cadeira de música, cargo que ocupa até seu falecimento, no ano de 1832.
Posta em concurso, a cadeira de música viria a ser ocupada por uma pessoa de personalidade inquieta, no que diz respeito à divulgação da divina arte. Domingos da Rocha Mussurunga é o preferido pelo seu exame teórico e histórico, tomando posse em 1833. 12 Entretanto, por volta de 1830 a 1836, já existia nesta cidade, situada à Rua do Bispo, Distrito da Sé, uma sociedade denominada Academia de Música, constituída dos melhores elementos da época, tais como Damião Barbosa de Araújo (1778-1856), os irmãos José Pereira Rebouças (1789-1843) e Manuel Maria Pereira Rebouças (1790-1847), da qual Mussurunga também era professor. 13
Domingos da Rocha Mussurunga (Moçorunga) foi um idealista. Artista, compositor, latinista, poeta e professor, nasceu em Salvador, em 1807, e faleceu na mesma cidade, no ano de 1856. Chamava-se Domingos da Rocha Vianna, mas, como tomou parte na luta da Independência, sendo ferido junto ao engenho Mussurunga, como recordação histórica, substituiu o nome Vianna. Desde cedo começou a exercer a função de professor. Envolvido com a Sabinada, em 1837, esteve preso, 14 respondeu a júri, foi suspenso, porém, em 9 de setembro de 1839, voltou a ser reintegrado oficialmente nas suas funções públicas. Com a criação do Liceu Provincial (ou Liceu da Bahia), em 1836, ainda ocupando a cadeira de música, foi transferido para este local, com as mesmas vantagens.
Gozando da estima pública por suas qualidades morais e intelectuais, em 1846, apresentou à Assembléia Provincial um projeto sugerindo a criação de um conservatório de música que fosse capaz de despertar, com mais intensidade, o amor e o interesse pelas atividades musicais. Em carta datada de 28 de março de 1846, escreve Mussurunga ao Presidente da Província, Francisco Gonçalves Martins:
Illm. e Exm. Sr.-Inclusa offereço a V. Ex. a cópia da Memoria sobre a creação de um Conservatorio de Musica, por mim redigida, e já offerecida ao Conselho de Instrucção Publica, por elle á Assembléa Provincial, que, approvando e louvando a idéa, disse não decretar tal creação pelo de então estado dos cofres.
V. Ex. que é Bahiano deve fazer este grande serviço ao paiz, aproveitando os talentos de nossa mocidade, que pollulam.
Eu tratei de economisar o mais possivel os cofres com tal creação; mas, posso pela pratica de 22 annos de ensino, assegurar a V. Ex. que tal despeza se ha de tornar uma fraca porcentagem das vantagens que devem provir de tal estabelecimento.
Eu, em nome da mocidade da Bahia, requeiro a V. Ex. esta providencia tão util quanto necessaria, e tanto mais espero alcançar por não divisar em V. Ex. um tarifeiro governante mas um Presidente emprehendor. 15
Apesar de sua intensa preocupação e empenho, Mussurunga não chegou a ver a criação do tão sonhado conservatório. Depois da sua morte, ficou a cadeira de música incorporada à Sociedade de Belas Artes 16 e a direção desta, encarregada da fiscalização do ensino pago pelos cofres provinciais, conforme o Art. 7º da Lei nº 607 de 19 de dezembro de 1856. 17
Diz Bacon que "A Arte é o homem acrescido à natureza", ou seja, qualquer procedimento, fruto da liberdade e da razão humana. 18 A etimologia da palavra "arte" confirma a noção de habilidade: do latim ars e do grego teknê, ambas estão na origem do termo moderno, designando todas as atividades que resultam de uma aptidão adquirida por um aprendizado apropriado de uma ciência, de uma técnica ou de uma profissão. Na Idade Média, as artes liberais estavam compreendidas em trivium (gramática, retórica e lógica) e quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). 19
Música não é só sensação auditiva e emoção, tipos de afetos que conduzem à subjetividade, ao sentimento incomensurável e ao empirismo. 20 Música como arte é habilidade, aptidão adquirida por aprendizado, ciência, 21 técnica, um conjunto de atributos que determinam uma profissão.
No documento "Memoria sobre a creação de um Conservatorio de Musica na Capital da Bahia", Mussurunga revela um profundo conhecimento sobre a sistemática metodológica para o ensino de música: 22 1) Estabelece o curso completo de Conservatório realizado em oito anos; 2) Divide em três classes - tecla, sopro, corda - para cada especificidade; 3) A depender do ano, oferta gradativa de disciplinas tais como: solfejo, um instrumento, método de canto, método de piano, harmonia, baixo cifrado, contraponto e teoria das partituras (análise) e 4) A formação do músico estar pendente a outros níveis de informação, como no caso: a) Para serem admitidos no curso teriam de ser examinados em gramática e língua portuguesa; b) Para prosseguirem teriam que apresentar atestado ou realizar exames de francês, italiano, aritmética e álgebra. Levando-se em consideração que seu autor jamais saiu do Brasil, 23 pode-se concluir que os estágios tanto de conhecimento quanto o da vida musical em Salvador encontravam-se em grau bem elevado.
Ao falecer, alguns dos seus contemporâneos deram continuidade no ensino da música. Entre muitos outros, citam-se João Amado Coutinho Barata (1830-1886), Giuseppi Baccigaluppi (c.1850-?), 24 Joaquim Cornélio de Santana Tôrres (irmão 25 de Miguel Torres), João Bispo da Igreja (1821-1881), Alípio Pereira Rebouças (1851-1881), Livino Faustino dos Santos (c. 1820-30 e 1889), Adelelmo Francisco do Nascimento (1848-1898), finalizando com Francisco Moniz Barreto (1836-1901) e Miguel dos Anjos de Santana Torres (1837-1902), ambos professores que também ocuparam a vaga desmembrada pela Escola de Belas Artes, chegando a presenciar a fundação do Conservatório de Música, o grande sonho de Mussurunga.
O atual Instituto de Música da Universidade Católica do Salvador é, em princípio, o resultado daquele sonho acalentado por Mussurunga. Depois de passar por inúmeras dificuldades a ponto de, por muitas vezes, cogitar-se a sua extinção, milagrosamente consegue realizar seu primeiro centenário. Festeja, desde 1897, o privilégio de ter sido, historicamente, a segunda escola de música fundada no Brasil e regulamentada pelos órgãos governamentais. Com ele, também festejaremos 448 anos de música na Bahia e 151 de idealismo e luta em prol da oficialização do ensino formal de música em Salvador. A música, desde os seus primórdios, além de acalentar as alegrias e ansiedades dos baianos, elevou o conceito social para o escalão da mais antiga civilização formada no Brasil. 26 Ora, como já sentenciava o Cons. Ruy Barbosa (1849-1923), "não se póde estar dentro da civilização e fora da arte." 27
Notas de Rodapé
Esse artigo faz parte do livro Instituto de Música: Um Século de Tradição Musical na Bahia. (Salvador: Grafufba, 1997) [Volta]
Afrânio Peixoto, "Introdução", In João de Azpilcueta Navarro et alii, Cartas Avulsas, 1559-1568. Cartas Jesuíticas 2, (Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988): 80 [Volta]
Manuel Raymundo Querino, Artistas Bahianos: Indicações Biographicas, 2ª ed. melhorada e cuidadosamente revista, (Salvador: Officinas da Empreza "A Bahia", 1911): 155. N.A.: A ortografia da época será respeitada. [Volta]
Cf. Manuel Veiga, "Nótulas Para Uma História da Educação Musical no Brasil", aula inaugural da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, 17 abril 1994. N.A.: Informações diversas afirmam que tais escolas eram de contar, cantar e tanger, levando a crer que muitos tangem flautas, cravos e violas. [Volta]
Regulamentos diversos (como o do Padre Visitador, Cristóvão de Gouveia, e outros como o do Seminário de Belém, nas proximidades de Cachoeira, e do Padre Antônio Vieira) atestam a continuidade desse ensino, embora Serafim Leite apresse-se em explicar que tal ensino não visava o cultivo da música de per si, mas o serviço religioso. Cf. Gerard Béhague, Music in Latin America: An Introduction, Prentice-Hall History of Music Series, (Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1979): 55-6. [Volta]
L. F. de Tollenare, Notas Dominicais: Tomadas Durante Uma Viagem em Portugal e no Brasil em 1816, 1817 e 1818. Traduzido por Alfredo de Carvalho. (Salvador: Livraria Porgresso, 1956): 363-4. [Volta]
Louis-François de Tollenare (1780-1853) bem como Jean Ferdinand Denis (1798-1890) foram dois franceses que estiveram no Brasil, por volta de 1818, complementando, com as suas crônicas, as informações sobre a vida musical na Bahia. N. A.: Importante é lembrar que os parâmetros de avaliação e comparação eram o ambiente clássico-romântico do início do século XIX da Europa, berço da cultura musical no ocidente. [Volta]
Manuel Raymundo Querino, Artistas Bahianos, pp. 156-8 [Volta]
Idem, p. 159. Subsídio literário era o imposto de dez réis pagos por cada litro de aguardente da terra e trinta e dois réis por arroba de carne que fosse retalhado nos açougues públicos, cobrados para pagamento de ordenado dos professores públicos, nos termos da lei de 3 de setembro de 1772. Cf. Ibidem. [Volta]
Nesse período já havia composto letra e música do Hymno da Revolução. Cf. Idem, pp. 174 - 5. [Volta]
Atualmente a designação do termo encontra-se fora de moda do conjunto das práticas artísticas humanas estudadas pela estética, englobando a arquitetura, a escultura, a pintura, a dança, a música e a poesia. Fora dessa lista tradicional está o cinema, considerado a sétima arte; a televisão, a oitava; a história em quadrinhos, a nona, etc. Cf. Gérard Durozoi e André Roussel, Dicionário de Filosofia, trad. Maria Appenzeller, 2º ed., (Papirus: Campinas, S. P., 1996): 57. s.v., "belas artes" N. A.: Não é de se estranhar que naquela época a vaga de música tenha sido incorporada à Escola de Belas Artes. [Volta]
De agora em diante, será necessário verificar a exatidão do significante e do significado de termos os quais são comumente usados e que, pela ação do tempo, passaram a adquirir interpretações errôneas. Adequado ao sentido artístico, o termo "liberdade" deve ser entendido como o estado do ser que só obedece à sua vontade, independentemente de qualquer coerção externa, realizando o que estima corresponder à sua própria natureza. A expressão "razão humana" deve ser entendida em vista da produção humana, que testemunha a habilidade do artista quanto às técnicas utilizadas, visando satisfazer o sentido estético ou artístico. Cf. Durozoi e Roussel, Dicionário de Filosofia, p. 41. s.v., "arte" e "liberdade" [Volta]
O termo aplica-se ao que tem origem na experiência, em oposição ao conhecimento racional, qualificando qualquer conhecimento ou pessoa não sistemática, que confia na experiência imediata e até no pragmatismo, cujo critério da verdade reside no valor prático, no sucesso e na eficácia. Cf. Idem, pp. 79, 376-7, s.v., "empirismo" e "pragmatismo" [Volta]
O termo ciência deve ser entendido como qualquer conhecimento racional elaborado a partir da observação, do raciocínio ou da experimentação, opondo-se à opinião ou ao conhecimento imediato. O objetivo da ciência é descobrir ou enunciar leis às quais os fenômenos obedecem e reuni-las em teorias. Cf. Idem, p. 79. s.v., "ciência" [Volta]
Mussurunga foi um dos primeiros autores brasileiros a escrever um Compêndio Musical, (Salvador, 1834). Houve uma segunda edição publicada com o nome Novo Compêndio de Música (1846) e, posteriormente, uma nova edição publicada com o nome de Artinha Moçurunga, (Salvador, 1905) [Volta]
Nasceu, viveu e morreu em Salvador. As únicas referências existentes são da viagem e estada empreendida ao Rio de Janeiro, local onde foram executadas as suas composições. [Volta]
Os dois primeiros são os substitutos de Mussurunga na Sociedade de Belas Artes. Dividida, a cadeira de música fica assim distribuida: Coutinho Barata nomeado como professor, em 1857, para a cadeira de canto e harmonia e o italiano Baccigaluppi, nomeado em 1856, para a cadeira de violino. [Volta]
Há controvérsias quanto o grau de parentesco entre Joaquim Torres e Miguel Torres. Segundo Manuel Quirino, Joaquim era irmão de Miguel, enquanto Marcondes esclarece que Joaquim era pai de Miguel, com quem havia estudado música. Quirino pode ter se equivocado, mas deve-se levar em consideração que ele viveu na mesma cidade e época de Miguel Torres. Cf. Manuel Quirino, Artistas Bahianos, pp. 205-6 e cf. Marcos Antônio Marcondes, ed. Enciclopédia da Música Brasileira, Erudita, Folclórica e Popular, 2 vols., (São Paulo: Art, 1977): 760. [Volta]
Para o pensamento clássico, o termo civilização designa fundamentalmente o conjunto de fenômenos religiosos, intelectuais, artísticos, políticos etc. e dos valores que a eles correspondem, caracterizando as populações que participam da herança greco-romana e do cristianismo, opondo-se, de maneira muito etnocêntrica ao selvagem ou à bárbarie. Posteriormente, o termo é substituído, na maioria dos casos, por cultura. Cf. Durozoi e Roussel, Dicionário de Filosofia, p. 84, s.v., "civilização" [Volta]
Ruy Barbosa, apud Agenor de Almeida, "Coisas de Outróra e de Hoje", In A Ordem, (Cachoeira, Ba: 8-09-1928). [Volta]
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