Baixo cifrado

De acordo com Marcondes (2018), "é um processo de representação harmônica de instrumentos contínuos como órgão, clavicórdio e pianoforte. A escrita do baixo cifrado representa síntese. O instrumento contínuo deve realizar abreviações dos movimentos melódicos, das vozes, de maneira a contribuir com a afinação de coros e com a sustentação do agrupamento vocal.

Guilherme Mannis (2005), cita três definições de compositores barrocos acerca do que é o baixo cifrado (ou baixo contínuo):

Johann Mattheson (1681-1764), organista, cravista, cantor, compositor e escritor musical alemão, escreve em seu método de baixo contínuo, Grosse Generalbassschule (1735):

"(O baixo contíínuo) nada mais do que um baixo com figuras que indicam uma harmonia. De acordo com as figuras deverão ser executados ao cravo acordes de quatro notas”.

Johann David Heinichen (1683-1729), compositor alemãão, em sua obra Der Generalbass in der Komposition (1728):

"Nenhum entendedor de música pode negar que o baixo contínuo é um dos mais fundamentais e importantes pontos do conhecimento musical, depois da composição. Aliás, o baixo contínuo muitas vezes mistura-se à composição musical. A execução do baixo contínuo não é nada mais do que uma composição de quatro vozes a partir de um baixo dado."

Johann Sebastian Bach (1685-1750) diz sobre o assunto:

"O baixo contínuo é a estrutura fundamental da música e é executado com ambas as mãos, de modo que a mão esquerda toque as notas escritas e a mão direita toque notas consonantes ou dissonantes às outras. Isto deve formar uma harmonia agradável para a glória de Deus e o descanso do espírito."

Manis (2005), por fim, define de forma funcional que: "o baixo contínuo consiste numa linha de baixo que, podendo ou não ser figurada, evidencia, ao executante, a harmonia a ser executada (e improvisada)".

Em resumo, o Baixo cifrado é composto por algarismos que determinam a disposição das notas. Posição fundamental, primeira e segunda inversão para tríades. Posição Fundamental, primeira, segunda e terceira inversão para tétrades. Sendo assim, os símbolos consistem basicamente de números que representavam intervalos acima do baixo, estes intervalos mostravam onde se encontrava a fundamental com relação à nota do baixo (Quadro 1). O sistema lidava somente com intervalos, não com tônicas de acordes, conhecimento que surge posteriormente na História da Música.

Quadro 1

Baixo cifrado

Exemplo de música barroca com o baixo cifrado.

Baixo cifrado - Corelli

Texto escrito com contribuição de Eliza Celis.


Links para arquivos de texto

Kostka, Stefan e Dorothy Payne. Harmonia Tonal. Traduzido a partir da Sexta Edição, de 2008 por Hugo L. Ribeiro e Jamary Oliveira. Livro completo do capítulo 1 ao 20 (86 MB).

Ir direto para o Capítulo 3, que fala sobre tríades, tétrades e inversões de acordes.

Introdução ao baixo contínuo e recitativo. Texto escrito por Guilherme Daniel B. Mannis e Emanuel Martinez. Publicado em 8 de agosto de 2007.

Mannis, Guilherme Daniel B. Introdução a História do Baixo Contínuo. Arquivo PDF. Fonte: http://www.movimento.com/especial/baixocontinuo/

Marcondes, João. O que é baixo cifrado. Disponível em: https://souzalima.com.br/blog/o-que-e-baixo-cifrado/.


Links para arquivos de Áudio e vídeo

Corelli - Sonata da chiesa op. 3 n. 2 in Re maggiore (score). Vídeo de Youtube do canal PrincepsMusicae.

Baixo Cifrado. Vídeo de Youtube do canal de Marcelo Amazonas.

 

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