Compositores do final do Século XIX foram afastando-se cada vez mais das práticas tradicionais associadas ao período Barroco e ao Classicismo. As técnicas composicionais utilizadas por todo o Século XX nada mais são do que aprofundamento das experimentações oriundas do Romantismo. Praticamente não há rupturas, mas uma continuidade. Por isso não é fácil dizer quando e onde iniciamos o estudo dessas novas técnicas. Alguns falam sobre o famoso acorde de tristão da ópera Tristão e Isolda de Wagner. Outros falam em Prélude à l’après-midi d’un Faune de Debussy. De certo é que algumas técnicas e/ou recursos composicionais contribuíram para esse contínuo afastamento do sistema tonal tradicional.
Uma das principais “inovações” se deu no campo da escrita rítmica que, desde a consolidação das figuras de compasso no período pré-Barroco, não via nenhuma novidade. Novas configurações e relações rítmicas criam novas sonoridades musicais, surgindo, inclusive, música somente para instrumentos de percussão, o que é uma novidade na música de concerto ocidental.
Novos usos para escalas já conhecidas (pentatônicas e hexatônicas), assim como a criação de escalas sintéticas (artificiais) geram novo material para melodias e harmonias. No campo harmônico, a velha hegemonia da tríade ou das harmonias em terças sobrepostas vão perdendo espaço para acordes com cinco ou seis notas, ou harmonias em quartas e em segundas (clusters).
Além desses procedimentos composicionais, surgem “escolas de composição”, no sentido de compositores que passam a compor utilizando algumas características comuns, tais como o dodecafonismo, o minimalismo, a aleatoriedade, e a nova complexidade, entre outros. Tudo isso ao mesmo tempo e não excludente. Compositores como Strawinsky, por exemplo, passearam por diversas “escolas”, deixando trabalhos importantes em cada uma de suas fases.
Segue abaixo um apanhado de conceitos, técnicas, procedimentos, utilizados por compositores do pós-romantismo. Não necessariamente em período cronológico. Divirtam-se.
Tópicos relacionados à TCM
- Ritmo e Métrica
- Conssonância e dissonância rítmica
- Métrica irregular
- Métrica mista
- Métrica complexa (assimétrica)
- Modulação métrica
- Deslocamento métrico
- Poliritmo
- Polimetria
- Politempo
- Hemíola
- Issoritmo
- Ritmo amétrico
- Ritmo aditivo
- Valor adicionado
- Ritmos não retrogradáveis
- Ostinato
- Escala
- Pentatônica
- Hexatônica (tons inteiros)
- Octatônica (tom-semitom)
- Modos eclesiásticos
- Outras possibilidades (artificiais ou sintéticas)
- Harmonia
- Terças sobrepostas (acordes com cinco, seis e sete notas)
- Harmonia em quartas
- Harmonia em segundas
- Policordes (poliharmonia)
- Bitonalidade e Politonalidade
- Serialismo (dodecafonismo)
- Serialismo integral
- Minimalismo
- Aleatoriedade
Arquivos de texto comentados
BENNET, Roy. Uma breve história da música. Jorge Zahar.
Pequeno livro de história da música ocidental. Como abrange toda a história da música ocidental, sobram poucas páginas para o Século XX. É breve mas, preciso. Pode ser uma primeira leitura sobre o assunto.
GRIFFITS, Paul. A Música moderna : uma história concisa e ilustrada de Debussy a Boulez. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987.
Um dos livros mais utilizados quando se fala em história da música ocidental no Século XX. Importante para ter uma boa noção sobre o assunto.
GROUT, Donald J. e PALISCA, Claude V. História da Música Ocidental.
Esse livro é quase que uma bíblia sobre a história da música ocidental. O único capítulo sobre o assunto o século XX inicia na página 696 e vai até a página 755. Aborda desde a música de Bela Bartók até o minimalismo de La Monte Young e Phillip Glass. Leitura obrigatória.
KOSTKA, Stefan e PAYNE, Dorothy. Harmonia Tonal: com uma introdução à música do século XX. Traduzido por Jamary Oliveira, Hugo Ribeiro e Ricardo Bordini.
Apesar de ser um livro cujo assunto principal é a harmonia tonal, a partir do Capítulo 27 “Harmonia Tonal no final do Século XIX”, começa a abordar questões relacionadas com os tópicos selecionados. Todavia, é na “Parte Seis: uma introdução à música do Século XX”, que inclui os Capítulos 28 a 30, que os autores realmente vão abordar grande parte do assunto selecionado. Leitura imprescindível.
BENJAMIN, Thomas; HORVIT, Michael; NELSON, Robert. Técnicas e materiais da música tonal: com uma introdução à música do século XX.
Esta é uma breve tradução dos últimos capítulos sobre as técnicas composicionais relacionadas ao século XX. Breve e conciso.
RIBEIRO, Hugo. Aula sobre Ritmo no século XX.
Slide utilizado em aula, com resumo do conteúdo dos livros que abordam assuntos referente ao rítmo e métrica no século XX.
Lista de compositores
Os compositores são praticamente os mesmos selecionados para o conteúdo da disciplina de História da Música no Século XX, acrescentando alguns nomes do final do Romantismo.
- Richard Wagner (1813-1883)
- Claude Debussy (1862-1918)
- Richard Strauss (1864-1949)
- Erik Satie (1866-1925)
- Charles Ives (1874-1954)
- Arnold Schoenberg (1874-1951)
- Maurice Ravel (1875-1937)
- Béla Bartók (1881-1945)
- Igor Stravinsky (1882-1971)
- Edgard Varèse (1883-1965)
- Anton Webern (1883-1945)
- Alban Berg (1885-1935)
- Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
- Darius Milhaud (1892-1974)
- Alois Hába (1893-1973)
- Henry Cowell (1897-1965)
- George Gershwin (1898-1937)
- Aaron Copland (1900-1990)
- Luigi Dallapiccola (1904-1975)
- Elliott Carter (1908-2012)
- Olivier Messiaen (1908-1992)
- Samuel Barber (1910-1981)
- John Cage (1912-1992)
- Milton Babbitt (1916-2011)
- Bruno Maderna (1920-1973)
- Iannis Xenakis (1922-2001)
- Gyorgy Ligeti (1923-2006)
- Luigi Nono (1924-1990)
- Luciano Berio (1925-2003)
- Pierre Boulez (1925-)
- Gunther Schuller (1925-)
- Earle Brown (1926-2002)
- Morton Feldman (1926-1987)
- Karlheinz Stockhausen (1928-2007)
- Toru Takemitsu (1930-1996)
- Terry Riley (1935- )
- La Monte Young (1935- )
- Philip Glass (1937- )